terça-feira, 2 de setembro de 2014

NEGRA ANGELA | conheça a história de Angela Yvonne Davis que esteve em Brasília em julho de 2014

“algo está errado”, quando, em um país onde a maioria da população é negra, a representatividade na TV e nos espaços de poder é branca (Angela Davis)

 
A escritora, ex-integrante do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos, Angela Davis, participou do Festival Latinidades em Brasília, e como desdobramento ela foi entrevista pela EBC (TV PÚBLICA) da melhor qualidade, enfim ela falou sobre o  sistema carcerário no mundo, denunciou o racismo institucional, além de fazer duras críticas sobre o papel desempenhado pela mídia. Assista e conheça as ideias da senhora Angela Davis, que desde 1970 Luta de forma decisiva contra o racismo e a xenofobia no mundo.

assista o documentário produzido pela EBC 
 

 
CONHEÇA A HISTÓRIA de  Angela Yvonne Davis (Fonte: wickipedia)
(Birmingham26 de janeiro de 1944) é uma  professora e filósofa socialista estado-unidense que alcançou notoriedade mundial na década de 1970 como integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos, dos Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos e por ser personagem de um dos mais polêmicos e famosos julgamentos criminais da recente história americana.
Angela nasceu no estado do Alabama, um dos mais racistas do sul dos Estados Unidos e desde cedo conviveu com humilhações de cunho racial em sua cidade. Leitora voraz quando criança, aos 14 anos participou de um intercâmbio colegial que oferecia bolsas de estudo para estudantes negros sulistas em escolas integradas do norte do país, o que a levou a estudar no Greenwich Village, emNova Iorque, onde travou conhecimento com o comunismo e o socialismo teórico, sendo recrutada para uma organização comunista de jovens estudantes.
Na década de 1960, Angela tornou-se militante do partido e participante ativa dos movimentos negros e feministas que sacudiam a sociedade americana da época, primeiro como filiada da SNCC de Stokely Carmichael e depois de movimentos e organizações políticas como o Black Power e os Panteras Negras.

CRIME E CASTIGO
 
Em 18 de agosto de 1970, Angela Davis tornou-se a terceira mulher a integrar a Lista dos Dez Fugitivos Mais Procurados do FBI, ao ser acusada  de conspiraçãosequestro e homicídio, por causa de uma suposta ligação sua com uma tentativa de fuga dotribunal do Palácio de Justiça do Condado de Marin, em São Francisco.
Durante o verão daquele ano, Angela estava envolvida nos esforços dos Panteras Negras para conquistar a apoio da sociedade a três militantes presos, George Jackson, Fleeta Drumgo e John Clutchette, conhecidos como os “Irmãos Soledad”, por terem sido aprisionados na Prisão de Soledad, em Monterey.No dia 7 de agosto, Jonathan Jackson, o irmão de 17 anos de George, em companhia de dois outros rapazes, interrompeu de armas na mão um julgamento num tribunal na tentativa de ajudar a fuga do réu do caso que estava sendo julgado, o amigo James McClain, acusado de ter esfaqueado um policial. Jonathan e seus amigos se levantaram do meio da assistência na sala do júri e renderam todos no recinto, conduzindo o juiz, o promotor e vários jurados para uma van estacionada do lado de fora. Ao entrar na van, Jackson gritou que queria os “Irmãos Soledad soltos até o meio dia e meia em troca da vida dos reféns”.
No tiroteio que se seguiu com a perseguição policial ao grupo, Jonathan e um amigo foram mortos pela polícia, não sem antes matarem o juiz Harold Haley com um tiro na garganta e o promotor raptado ficou paralítico com um tiro da polícia. As investigações que se seguiram identificaram a arma de Jonathan como registrada em nome de Angela Davis.
  
MANIFESTAÇÕES

 
Com sua prisão decretada pelo estado da Califórnia e o FBI em seu encalço, Ângela fugiu do estado e desapareceu por dois meses, sendo alvo de uma das maiores caçadas humanas do país na época, acompanhada dia a dia pela mídia, até ser presa em Nova Iorque em outubro. O julgamento de dezoito meses que se seguiu, colocou uma mulher negra, jovem, bonita, culta e politizada, assessorada por uma equipe brilhante de advogados, no centro das atenções da imprensa americana num paralelo que só seria igualado décadas depois pelo julgamento de O.J. Simpson. Nos longos debates na corte, não apenas o caso criminal envolvido veio à tona, mas uma grande discussão sobre a condição negra na sociedade americana foi travada. Manifestações diárias por sua libertação e absolvição aconteciam do lado de fora do tribunal e por todo o país, transmitidos ao vivo pela televisão.
Dezoito meses após o início do julgamento, Angela foi inocentada de todas as acusações e libertada. John Lennon e Yoko Ono lançaram a música Angela em sua homenagem e os Rolling Stones gravaram Sweet Black Angel, cuja letra falava de seus problemas legais e pedia sua libertação.
 
CUBA 
Finalmente livre, Angela foi temporariamente para Cuba, seguindo os passos de seus amigos,os ativistas radicais Huey Newton e Stokely Carmichael. Sua recepção na ilha pelos negros cubanos num comício de massa foi tão entusiástico que ela mal pôde discursar. De acordo com Carlos Moore, um escritor bastante crítico das relações raciais na Cuba comunista, sua visita ao país causou grande impacto entre a população negra num tempo em que expressões de identidade racial eram bem raras em Cuba. Suas credenciais revolucionárias permitiram aos nativos se identificarem de público com seus pensamentos, sem medo de serem taxados de contra-revolucionários pelo governo cubano.
Para Saber Mais: 
LIVROS

PALAVRAS EXPLOSIVAS: ENTREVISTAS DA REVISTA THE PROGRESSIVE 
Em 'Palavras Explosivas', o jornalista David Barsamian reúne 21 entrevistas com grandes intelectuais da atualidade. Entre os entrevistados estão a ativista política Angela Davis; o intelectual Noam Chomsky; o economista vencedor do Prêmio Nobel Amartya Sen; o crítico de mídia Ben Bagdikian; o historiador Howard Zinn; o ator Danny Glover; o escritor Kurt Vonnegut; o defensor dos direitos dos consumidores Ralph Nader; o escritor e jornalista Eduardo Galeano; o pensador Edward Said e a ativista ecológica Vandana Shiva.

 
 

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